Autor: Isaias Malta
Aparelhos com alta carga indutiva e/ou capacitiva têm a tendência de apresentarem problemas nos respectivos interruptores. Devido ao centelhamento, os contatos do interruptor se carbonizam e se tornam inoperantes. Numa máquina de solda, por consumir bastante corrente, a lenta degradação do interruptor leva inevitavelmente a queda de rendimento até a parada total.
Pelo fato das máquinas de solda de baixo custo virem com interruptores “de brinquedo”, já retirei da minha a tal pecinha de plástico. Ou seja, cada vez que a máquina é ligada na tomada a ventoinha dispara imediatamente, o que é muito bom. Contudo, a alimentação do enrolamento primário do transformador está em série com um interruptor duplo de 20 A acionado por pedal. Isto quer dizer que só tenho o arame da tocha MIG energizado quando aperto o pedal, e só enquanto ele estiver apertado. Tal estratagema impede que o transformador fique esquentando enquanto não é usado.
No entanto, ainda continuava o problema da produção da faísca que fatalmente acabaria destruindo os interruptores. Então, pesquisei na internet e achei este belo texto que nos ensina a resolver o problema dos interruptores, sem ter que apelar para o alto custo dos disjuntores ou contatores:
“Corrente elétrica também tem inércia, uma vez que é constituída pelo movimento ordenado de portadores de carga (os quais têm massa!). Assim, desligar abruptamente um circuito é algo equivalente a fechar abruptamente uma torneira (ou válvula). Na hidráulica este efeito é chamado de “golpe de aríete”, que é o resultado da energia cinética da água na tubulação; na eletrônica manifesta-se como uma faísca, que uma continuidade da manutenção da corrente através do ar, com a decorrente destruição da chave no decorrer do tempo (partículas de cobre acompanham a faísca - daí a cor avermelhada da faísca).
Na hidráulica, para minimizar o efeito de golpe de aríete, colocam-se tubos fechados no percurso (parecido com aqueles que se veem nos hidrantes); esses tubos encerram boa quantidade de ar e no momento da interrupção do fluxo de água a energia cinética força a água entrar no tubo, comprimindo o ar no seu interior (o tubo “absorve” a energia cinética da água que fica armazenada no ar comprimido. Esta compressão, posteriormente, empurra lentamente a água para o seu nível adequado.
Na eletrônica, um capacitor de 0,1 a 0,5 µF (poliéster, 400 Vdc) colocado em paralelo com o interruptor, tem a mesma função do tal tubo fechado na hidráulica; aqui o capacitor armazena a energia cinética dos portadores de carga, eliminado a centelha que saltaria pelo intervalo. Este capacitor é indispensável no caso do circuito a ser desligado conter impedâncias indutivas (bobinas, relés, primário de transformadores, etc.).
O capacitor permite um desligamento brusco, o que é muito importante, por exemplo, nos dispositivos de geração de altas tensões. Veja-se, por exemplo, a enorme importância dos capacitores acoplados aos platinados dos antigos distribuidores dos automóveis. É na verdade um dos componentes de capital importância no funcionamento da bobina de ignição (bobinas de Runkorff).
Claro que aqueles capacitores que vinham naquele invólucro de alumínio eram uma porcaria de 0.1 µF. Nos carros tais componentes deviam ser trocadas frequentemente! É a filosofia do mercado! Um bom capacitor de poliéster, tântalo ou mica prateada resolve o problema da ignição quase que permanentemente.”
Autor: Luiz Ferraz Netto (resposta postada no grupo EletronicaBR do Yahoo)
Ótimo texto,sr. Isaias, vai resolver o problema que observei ao instalar e usar o ventilador de teto: no ligar e desligar, observei o centelhamento. Fui pesquisar e vi o seu post. Obrigado pela dica! Roberto Shiroma.
ResponderExcluirMuito bom o artigo e me fez pensar se um capacitor poderia ser usado tambem em um chuveiro eletrico para diminuir o centelhamento dos contatos tambem,
ResponderExcluirSr.Telesforo. Desculpe me intrometer na sua pergunta. Mas acho que no caso do chuveiro o capacitor em paralelo com os contatos não teria muito efeito, pq um chuveiro é contruido com resistências aquecedoras. SMJ. Portanto, uma carga RESISTIVA. E não indutiva. A menos que ele use um motorzinho interno de acionamento daquele acessório para aumentar a pressão da água. Pressurizador.
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